Servidores estaduais investigados por esquema de transporte ilegal de gado em João Pinheiro
A Polícia Civil de Minas Gerais apura um esquema de transporte irregular de gado em João Pinheiro, Noroeste do estado. A investigação aponta que documentos essenciais para a comercialização dos animais foram emitidos de forma fraudulenta. Entre 2022 e 2024, as movimentações somaram mais de R$ 420 milhões.
Entre os 12 suspeitos identificados, estão três funcionários do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) de João Pinheiro, um empresário da área de contabilidade e produtores rurais. Segundo a Polícia Civil, o grupo teria realizado mais de 83 mil movimentações irregulares, com a participação de servidores e particulares.
Cumprimento de mandados
Nesta quarta-feira, a Polícia Civil cumpriu 13 mandados de busca e apreensão, sendo 12 em João Pinheiro, incluindo o escritório do IMA. Um mandado foi executado na residência do principal suspeito, em Brasília (DF).
Durante as operações, foram apreendidos:
- celulares;
- computadores e notebooks;
- pen-drives e HDs externos;
- cheques que ultrapassam R$ 5 milhões;
- mais de R$ 30 mil em dinheiro;
- Guias de Trânsito Animal (GTAs);
- documentos de transferência de gado;
- notas fiscais;
- agendas com anotações de transações;
- registros manuscritos de movimentações financeiras;
- documentos do IMA relacionados ao esquema.
O esquema
A investigação teve início após uma vítima descobrir a transferência não autorizada de 300 bovinos cadastrados em seu nome no IMA. Segundo o delegado Danniel Pedro Lima de Araujo da Conceição, a denúncia revelou um esquema muito mais amplo e sofisticado.
De acordo com o delegado, os sistemas oficiais foram usados para emitir documentos e transferências irregulares mediante pagamento, caracterizando um esquema de fraudes que pode ter vitimado outros pecuaristas. As fraudes tinham múltiplos objetivos: acobertar furtos de gado, legitimar a origem de animais de procedência duvidosa e facilitar golpes financeiros.
Entre os crimes investigados estão inserção de dados falsos em sistema de informações, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, associação criminosa, estelionato e falsificação de documentos públicos.
“O IMA forneceu prontamente todos os documentos solicitados pela Polícia Civil, incluindo relatórios de movimentações de gado e registros de GTAs. Esse material permitiu identificar os envolvidos no esquema”, informou o delegado.
Operação Cacus
O nome da operação é inspirado no personagem mitológico romano Cacus, um gigante e astucioso ladrão de gado. No mito, Cacus roubou o gado de Hércules e tentou ocultar o crime arrastando os animais pela cauda para disfarçar o rastro.