Trump é eleito Presidente dos EUA, aponta projeção da AP
O republicano Donald Trump, 78 anos, foi projetado vencedor das eleições presidenciais dos Estados Unidos, garantindo votos suficientes para retornar à presidência, de acordo com a Associated Press nesta quarta-feira (6).
A vitória foi anunciada por volta das 7h30, após Trump conquistar o estado decisivo de Wisconsin e ultrapassar os 270 delegados necessários, uma margem impossível de ser alcançada por sua adversária, a democrata Kamala Harris, mesmo com a contagem de votos ainda em andamento. O triunfo gerou repercussão internacional, com líderes de vários países enviando suas congratulações.
Além de Wisconsin, Trump assegurou vitórias em outros estados cruciais, como Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia, além de liderar em Michigan, Nevada e Arizona.
Durante a madrugada, antes que Kamala reconhecesse a derrota, Trump fez um discurso de vitória na Flórida, destacando políticas de imigração e anunciando seu novo slogan: “promessas feitas serão cumpridas”. Ele também enfatizou a importância da união nacional.
Embora a projeção do resultado por estatísticos e veículos de comunicação não tenha caráter oficial, é amplamente aceita como padrão na sociedade americana durante as eleições presidenciais. Nos EUA, a apuração é realizada de forma independente por cada estado, e a contagem oficial pode levar semanas. A projeção, no entanto, permite antecipar o resultado.
A Associated Press, com 178 anos de tradição, é considerada uma das fontes mais confiáveis na apuração dos resultados eleitorais nos EUA.
Retorno histórico
A vitória marca o retorno de Trump à presidência após ter perdido a reeleição em 2020 para o democrata Joe Biden. Ele será o segundo presidente na história do país a retomar o cargo após uma derrota, seguindo o exemplo de Grover Cleveland (mandatos de 1885-1889 e 1893-1897).
Trump será empossado em 20 de janeiro de 2025, e contará com o apoio de um Congresso de maioria republicana nos primeiros dois anos de governo.
O retorno de Trump representa um marco sem precedentes: ele será o primeiro presidente já condenado pela Justiça a assumir o cargo. Em maio de 2024, foi condenado por fraude contábil, ao declarar como despesa de campanha um pagamento destinado à ex-atriz pornô Stormy Daniels para silenciá-la sobre um suposto caso durante a campanha presidencial de 2016.
O republicano ainda enfrenta três processos com dezenas de acusações, e, mesmo reeleito, poderá ser julgado e, se condenado, poderá governar sob custódia.
Entre as acusações, Trump é apontado por tentativas de reverter ilegalmente os resultados das eleições de 2020, resultado que ele contestou de forma sistemática e que culminou na invasão do Capitólio em janeiro de 2021. Além disso, ele é acusado por 18 mulheres de crimes sexuais, incluindo três casos de estupro, acusações que ele nega veementemente.
Trajetória de ascensão e controvérsias
Donald Trump iniciou sua carreira política em 2016, quando foi eleito presidente ao vencer Hillary Clinton, conduzindo o Partido Republicano para uma postura mais à direita. Durante sua primeira gestão, empreendeu a construção de um muro polêmico na fronteira com o México, retirou os EUA de acordos internacionais significativos, como o pacto nuclear com o Irã e o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, e sinalizou frequentemente a possibilidade de retirada da Otan.
Apesar das controvérsias, Trump entregou vitórias à ala conservadora, nomeando três juízes para a Suprema Corte, reduzindo impostos corporativos e desregulamentando diversas normativas governamentais. Sua gestão foi marcada por dois processos de impeachment e críticas à sua condução da pandemia de COVID-19, encerrada com a invasão do Capitólio em 2021.
Vida pessoal e fortuna
Trump, casado três vezes, tem cinco filhos e dez netos. Com sua primeira esposa, Ivana Trump, teve Donald Jr., Ivanka e Eric. Tiffany é fruto de seu segundo casamento com Marla Maples, e Barron, o caçula, é seu filho com a atual esposa, Melania Trump, ex-modelo eslovena.
Detentor de uma fortuna estimada em US$ 6,5 bilhões, Trump construiu um império de hotéis, cassinos e campos de golfe. Embora afirme ter erguido sua fortuna do zero, registros mostram que ele contou com o apoio financeiro significativo de seu pai, Fred Trump, influente investidor imobiliário em Nova York. Trump consolidou sua marca e visibilidade nacional através do reality show “O Aprendiz”, que lhe deu projeção e ajudou a mitigar dívidas empresariais acumuladas.
A carreira de Trump, desde os primeiros passos no mercado imobiliário até seu estrelato na TV e trajetória política, foi moldada por figuras como Roy Cohn, advogado polêmico e ex-assessor do senador Joseph McCarthy. Cohn teve papel crucial na construção da imagem combativa e incisiva que caracteriza Trump até hoje.