Inquérito conclui que grávida atingida na cabeça por monitor cardíaco de ambulância morreu por traumatismo craniano; PCMG ainda não fez indiciamentos

Delegado responsável pelo inquérito pediu para que investigações fossem concluídas em Uberaba, onde a morte de Kamily Pricila Fernandes de Oliveira foi constatada. Jovem faleceu no dia 12 de janeiro, dois dias após sofrer acidente enquanto era transferida de um hospital em Sacramento.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou nesta terça-feira (14) que o inquérito que investigava a morte de Kamily Pricila Fernandes de Oliveira foi concluído. A jovem de 20 anos, que estava grávida do primeiro filho, faleceu após ser atingida na cabeça pelo monitor cardíaco da ambulância que a transportava de Sacramento para Uberaba.
Em nota enviada ao g1, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que as investigações apontaram que a causa da morte da jovem foi traumatismo craniano. No dia 18 de janeiro, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), onde Kamily morreu, já havia indicado que a jovem chegou à unidade com traumatismo e pré-eclampsia.
A reportagem apurou ainda que, a princípio, ninguém foi indiciado pelo crime. Sobre esse ponto, a Polícia Civil afirmou que “o inquérito, que tramitou na comarca de Sacramento, foi remetido à comarca de Uberaba para apuração e, se for o caso, eventual responsabilização”.
Ainda segundo a polícia, essa transferência “é um procedimento comum quando uma ocorrência envolve duas comarcas, como foi o caso”.
O g1 procurou o delegado Rafael Jorge, que comandou as investigações em Sacramento, para comentar o caso. Ele disse que foi orientado a se manifestar apenas por meio da assessoria de imprensa.

A Prefeitura de Sacramento, responsável pela ambulância que transferiu a jovem, também foi procurada. O médico auditor Marcelo Sivieri, que representa o Município nesse caso, disse que ainda não vai se pronunciar.
A reportagem também entrou em contato com a defesa da família de Kamily para saber se ela pretende entrar com alguma ação e aguarda resposta.
Relembre o caso
- Kamily Pricila estava grávida de sete meses e meio e passou mal na manhã do dia 10 de janeiro. Segundo o pai dela, Marcelo Antônio de Oliveira, a gestante havia perdido o avô na noite anterior e ficou muito abalada;
- Após passar por um posto de saúde, a jovem foi levada para a Santa Casa de Misericórdia de Sacramento acompanhada pela irmã Evelyn Fernandes, de 16 anos. Segundo a Prefeitura, Kamily estava com “hipertensão e crises convulsivas”;
- Com a piora no quadro, Kamily foi diagnosticada com eclâmpsia e precisou ser transferida para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), em Uberaba;
- Ao g1, a irmã de Kamily disse que não foi autorizada a ser acompanhante dela na ambulância por ser menor de idade. O veículo seguiu viagem apenas com a paciente e a equipe médica. No trajeto, o monitor caiu na cabeça da jovem;
- No mesmo dia, ela passou por uma cirurgia de cesariana para a retirada do bebê, que está sob os cuidados do pai.
- O pai de Kamily declarou também que aguardou várias horas no HC-UFTM até ser informado por uma médica que o prontuário apontava que a jovem havia sido atingida por um objeto na cabeça;
- Kamily teve a morte cerebral confirmada no dia 12 de janeiro. No mesmo dia, a família autorizou a doação de órgãos dela;
- Após o ocorrido, a Prefeitura informou que abriu uma sindicância para apurar o ocorrido. Dias depois, em nota, o Município lamentou o fato, mas disse que atribuir a morte da jovem apenas à queda do equipamento é um “equívoco”.
- A Polícia Civil também abriu um inquérito para investigar o caso e concluiu que a causa da morte, de fato, foi um traumatismo craniano.
G1